sábado, 27 de março de 2010

Eu indico!

Após a indicação de uma mulher que é referencial para mim, Drª Adair, li há pouquíssimos dias – Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. O autor é simplesmente fantástico e eu posso afirmar isto com certeza, já que leio cada “coisa” na faculdade.

Saramago escreve de uma maneira que envolve, que prende a respiração do leitor e faz com que ele reflita de uma maneira profunda acerca do assunto proposto.

O livro narra “Um dia normal na cidade. Os carros parados numa esquina esperam o sinal mudar. A luz acende-se, mas um dos carros não se move. Em meio às buzinas enfurecidas e à gente que bate nos vidros, percebe-se o movimento da boca do motorista, formando duas palavras: Estou cego. Assim, a “treva branca” que acomete esse primeiro cego vai se espalhar incontrolavelmente pela cidade e, em breve, uma multidão de cegos precisará aprender a viver de novo, em quarentena.”

Há uma mensagem muito maior por trás da narrativa – até onde as pessoas vão ou estão dispostas a ir quando o assunto é sobrevivência. Como o homem pode se transformar e viver como animal, já que há uma luta corporal e afetiva por trás do contexto. Será que a raça humana se esquece dos valores morais e éticos quando está prestes a passar por um conflito?

Estas e outras perguntas o leitor faz enquanto lê. Faz sozinho, enquanto reflete.

Você pode não gostar de Literatura, pode ler apenas a revista, o gibi ou o jornal, mas ainda assim irei te recomendar. Perca, ou melhor, ganhe alguns minutos investindo em você e entre nesse mundo que o autor te propõe, mas, “fica a dica” – segure-se, porque a narrativa é forte e não há passadinhas de mão na cabeça do leitor.

Ah, e se ainda assim você não se empolgar, assista pelo menos o filme – ele foi lançado há pouco tempo e é uma cópia fiel do livro.

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"Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara."
[José Saramago - "Ensaio sobre a Cegueira"]

sexta-feira, 26 de março de 2010

Até quando?

Nunca pensei em ter um blog, na verdade nem tive diário para não precisar me preocupar em relatar os últimos acontecimentos.

Mas ontem à noite, algo dentro de mim mudou e eu posso afirmar que já não sou a mesma.

Estou no último período da faculdade de Letras e fui até Itajaí – em uma Escola Estadual – observar uma turma e começar, efetivamente, meu último estágio obrigatório.

Saí da Escola às 22h30, cansada, após observar cinco aulas com adolescentes “irritantes” e desobedientes. Meus pais foram me buscar e quando entrei no carro, meu primeiro pensamento foi - “Graças a Deus, paz.”

Entramos na BR em direção a BC e foi aí que o caos dominou aquela rodovia. Presenciei um acidente gravíssimo e isso tudo há apenas alguns metros de distância. O acidente envolvendo uma moto, um caminhão e alguns carros, tinha acabado de acontecer. Por pouco não entramos no engavetamento - a “sorte” é que meu pai anda muito devagar, mesmo em uma BR.

A cena me chocou. Não havia nada lá, apenas os carros parados e o engarrafamento que começava a se formar logo atrás de nós. Fiquei lado a lado com um homem, literalmente esmiuçado, triturado, moído pela forte pancada. Foi a cena mais terrível que já vi. Os motoristas descendo dos carros, o choque das pessoas, as mãos na cabeça. Meu Deus, o que era aquilo?!

Meu pai travou, não conseguia tirar o carro de lá e eu ali, com os olhos cravados “naquilo” que já não havia mais definição.

Confesso que chorei e as únicas palavras que saíram da minha boca foram – “Meu Deus, quem somos nós sem a Sua presença!”

Após um momento, meu pai recuperou as forças e tirou o carro do meio daquele tumulto, o som foi desligado, as palavras se perderam no ar. Mas uma dúvida ainda pairava – Quem era aquele homem? Um pai de família voltando do trabalho? Um empregado? Um chefe? Um namorado? Doutor? Pedreiro? Por que ele tinha que morrer daquele jeito?!

E agora, a única certeza que eu tenho é a de que realmente não somos nada. Nada sem o Senhor Jesus, nada sem as Suas promessas, nada sem o sopro de vida do Criador. E isto me fez lembrar um versículo em que Jó medita sobre a brevidade da vida: “O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação. Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece; e sobre tal homem abres os olhos e o fazes entrar em juízo contigo? Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém! Visto que os seus dias estão contados, contigo está o número dos seus meses; tu ao homem puseste limites além dos quais não passará.” (Jó 14-1;5)

Que essa palavra possa tocar em seu coração e que a partir de hoje você passe a valorizar o que tem – a valorizar, principalmente, sua vida.